Páginas

domingo, 14 de junho de 2009

Infraestrutura terá de contar com mais parcerias público-privadas para sair do papel até a Copa

Segundo estudo da Abdib, patamares desejáveis para os jogos de 2014 só poderão ser alcançados com a participação intensiva do setor privado

Por Ana Paula Rocha


A Abdid (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base) deve entregar até o fim de junho um relatório que aponta quais serão os investimentos necessários para as cidades-sede atingirem os patamares desejados para Copa do Mundo de 2014. O estudo contemplará nove setores: portos, aeroportos, mobilidade urbana, saneamento básico, telecomunicações, energia elétrica, segurança pública, saúde e hotelaria.

Segundo Ralph Lima Terra, vice-presidente executivo e coordenador do Grupo de Trabalho Copa 2014 criado pela entidade, "a expansão da infraestrutura pode ter o setor privado como protagonista, tanto nos investimentos como na operação dos sistemas". Confira a entrevista:


Em relação à infraestrutura, qual sua avaliação sobre os preparativos para a Copa 2014?
Os desafios que precisam ser superados para garantir o sucesso da Copa do Mundo em todo território nacional vão muito além de construir e reformar estádios. Os empreendimentos necessários são de longa maturação, alguns deles demoram entre quatro e seis anos para ficarem prontos, além do que, por trás das construções há um conjunto de projetos, licenças e orçamentos que precisam funcionar em sincronia. Há tempo, mas o caminho é longo e governo federal, estaduais e iniciativa privada terão de andar juntos para que a Copa do Mundo saia do papel.

Qual a situação da infraestrutura das cidades?
De uma maneira geral, a necessidade de investimentos em diversos setores da infraestrutura nas grandes cidades brasileiras é visível, independentemente da realização da Copa do Mundo em território nacional. No diagnóstico da situação da infraestrutura nas cidades-sede elaborado pela Abdib, pudemos observar, por exemplo, que o setor de telecomunicações está bem desenvolvido, entretanto, a questão da mobilidade urbana merece atenção em todas as sedes. É nítido que a Copa representa desafios gigantescos ao País, mas, de outro lado, é uma oportunidade inédita, que se bem conduzida, é uma chance para o Brasil avançar na superação de diversos gargalos internos.

Onde a iniciativa privada pode entrar com os investimentos? De que modo as parcerias público-privadas podem se viabilizar?
A expansão da infraestrutura pode ter o setor privado como protagonista, tanto nos investimentos como na operação dos sistemas. Em todos os setores, desde rodovias, metrôs, trens, aeroportos e energia, a iniciativa privada pode ser investidora e operadora mediante concessões do poder público, evitando assim o comprometimento de recursos públicos. Com a ação conjunta de governos e iniciativa privada, conseguiremos obter o consenso necessário para transformar os desafios em excelentes oportunidades de negócios em busca de melhorias na infraestrutura, desenvolvimento sustentável e qualidade de vida.

Como funciona a cooperação técnica entre Abdib, CBF e governo? Qual será o papel da Associação nesse processo?
Quando o Brasil foi anunciado como sede do Mundial de 2014, a Abdib, que já acompanhava o projeto há algum tempo, firmou um termo de cooperação técnica com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o governo federal, representado pelo Ministério do Esporte, em maio de 2008. Com esse ato oficial, a entidade assumiu a responsabilidade de realizar um estudo inédito cujo objetivo foi fazer um diagnóstico da situação da infraestrutura nas cidades candidatas e os investimentos necessários para receber a Copa do Mundo de 2014. Agora, com a escolha das 12 cidades, a Abdib já se prepara para criar uma estrutura específica para acompanhar os estudos de viabilidade e os projetos de infraestrutura. O objetivo é contribuir com a experiência no setor para que os investimentos sejam feitos em tempo adequado e deixem um legado de desenvolvimento econômico e social.